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Fernando Pessoa

3. Missão

Como poeta, sente que cumpre uma missão alheia e desconhecida.
[ilustração: Júlio Pomar. Desenho de Pessoa.
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«Inconsciente me divido entre mim e a missão que o meu ser tem.»
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                XIII

Emissário de um rei desconhecido

Eu cumpro informes instruções de além,

E as bruscas frases que aos meus lábios vêm

Soam-me a um outro e anómalo sentido...

Inconscientemente me divido

Entre mim e a missão que o meu ser tem,

E a glória do meu Rei dá-me o desdém

Por este humano povo entre quem lido...

Não sei se existe o Rei que me mandou

Minha missão será eu a esquecer,

Meu orgulho o deserto em que em mim estou...

Mas há! Eu sinto-me altas tradições

De antes de tempo e espaço e vida e ser...

Já viram Deus as minhas sensações...

s. d.

«Passos da Cruz». Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 57.

1ª publ. in Centauro , nº 1. Lisboa: Out.-Dez. 1916.