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Fernando Pessoa

4. Tédio

Não encontra um sentido para a angústia que tem em si.
[ilustração: Júlio (1902-1983). Desenho in Presença, nº 1, 1927.] anterior seguinte
«Não sei o que faça, não sei o que penso.»

Há no firmamento

Um frio lunar.

Um vento nevoento

Vem de ver o mar.

Quase maresia

A hora interroga,

E uma angústia fria

Indistinta voga.

Não sei o que faça,

Não sei o que penso,

O frio não passa

E o tédio é imenso.

Não tenho sentido,

Alma ou intenção...

Estou no meu olvido...

Dorme, coração...

11-3-1917

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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