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Fernando Pessoa

17. Fingimento

O fingimento literário é que é sincero.
[ilustração: Júlio (1902-1983). Desenho. in Presença, nº 26, 1930.
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«Eu simplesmente sinto com a imaginação, não uso o coração.»

ISTO

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,

O que me falha ou finda,

É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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1ª publ. in Presença , nº 38. Coimbra: Abr. 1933.