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Fernando Pessoa

18. Solidão

A solidão é a condição inevitável do homem.
[ilustração: Almada Negreiros (1893-1970). Rapaz sentado à janela. Col. part. Lisboa.
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«Quando estou só reconheço que existo entre outros que são como eu sós.»

Quando estou só reconheço

Se por momentos me esqueço

Que existo entre outros que são

Como eu sós, salvo que estão

Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou

Verdadeiramente só,

Sinto-me livre mas triste.

Vou livre para onde vou,

Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida

Devidamente entendida

É toda assim, toda assim.

Por isso passo por mim

Como por coisa esquecida.

9-8-1931

Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

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