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Alberto Caeiro

18. Solidão

Com o amor, Caeiro descobre a solidão como um sentimento contraditório.
[ilustração: José de Guimarães. Sobre a Ode Marítima de Álvaro de Campos. Fotografia. 1995
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«Não sei o que hei-de ser comigo sozinho.»

Todos dias agora acordo com alegria e pena.

Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.

Tenho alegria e pena porque perco o que sonho

E posso estar na realidade onde está o que sonho.

Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.

Não sei o que hei-de ser sozinho.

Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é

É a mesma pessoa sem ninguém.

23-7-1930

“O Pastor Amoroso”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença,

1994.

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1ª versão inc.: Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.