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Fernando Pessoa

15. Ilusão

Dos escombros da alma, resta só a ilusão.
[ilustração: Cruzeiro Seixas. «Memória de um falso jardim».
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«Tudo é ilusão. Sonhar é sabê-lo.»

Põe-me as mãos nos ombros...

Beija-me na fronte...

Minha vida é escombros,

A minha alma insonte.

Eu não sei porquê,

Meu desde onde venho,

Sou o ser que vê,

E vê tudo estranho.

Põe a tua mão

Sobre o meu cabelo...

Tudo é ilusão.

Sonhar é sabê-lo.

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 100.

1ª publ. in Athena, nº 3. Lisboa: Dez. 1924.