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Fernando Pessoa

7. Saudade

A nostalgia da infância está sempre presente.
[ilustração: Júlio (1902-1983). Desenho. in Presença, s. 2, nº 1, 1939.
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«Sinto mais longe o passado, sinto a saudade mais perto.»

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro da minha alma.

 

E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.

 

Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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1ª publ. in Renascença. Lisboa: Fev. 1924.