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Fausto

12. Sentir

Quer então experimentar a vida e conhecer a humanidade pelas sensações.
[ilustração: Bruegel (1525-1569). A Dança da Noiva ao ar livre (porm.). 1566
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«Mas o quê — abdicar do pensamento em proveito da mera sensação?»
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                           Ânsia infinda

De reaver o direito à sensação,

Que é humano em mim e que esquecido tinha;

Ânsia de vã paixão que muito parte

Do (...) desesperado sofrimento;

Ânsia de sentir e          (...)

E antes de ser amado que de amar.

Mas ah, não sei se já — estranho ser (

Volver eu posso à vida, pois me sinto

Estranho ao mundo, à vida e aos olhares,

Um Incapaz de ser irmão. Dum salto

Queria reaver meu natural

Como homem. E depois? Depois não sei.

Ah, nem no sonho, forte pensamento,

Me deixas, seco e argumentador.

É necessário pois não pensar mais.

Mas não; não pode ser, a abdicação.

Mas o quê — abdicar do pensamento

Em proveito da mera sensação?

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

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