Ocultismo
6. Analogia
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«A inteligência analógica domina e compõe todos os elementos de que se forma o conhecimento oculto.»
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Bandarra
Assim como a inteligência dialéctica, que tem nome razão, domina e compõe todos os elementos, com que se forma o conhecimento científico, assim também a inteligência analógica, que não tem nome especial, domina e compõe todos os elementos de que se forma o conhecimento oculto. A perfeição da obra material é um todo perfeitamente ordenado, em que cada parte tenha seu lugar e em seus modo e grau concorra para a formação do todo; a perfeição da obra espiritual é a correspondência exacta entre o interior e o exterior, entre a “alma” e o “ corpo”, de sorte que o conhecimento de um envolva necessariamente o conhecimento completo do outro. A Grande Obra é aquela em que o “metal” , sendo composto, segundo a razão, de modo a ser o “ouro”, material perfeito, seja, no mesmo acto, composto, segundo a analogia, de modo a ser o “ouro” espiritual simbolizado. Nestas palavras vai a distinção íntima entre a produção artificial do “ouro” segundo a alquimia, e essa mesma produção segundo a ciência. Em ambos casos o “ouro” material será idêntico como matéria, mas o ouro que a ciência produzir não será mais que ouro pois que, ao fabricá-lo, ela não buscou produzir senão ouro, e o “ouro” que a alquimia produzir será mais que ouro, pois que, ao fabricá-lo, ela buscou produzir, não só o ouro, senão também o segredo do ouro, ou o segredo áureo. O ouro da ciência será igual ao ouro da Natureza como efeito; o ouro da alquimia igual ao ouro da Natureza não só como efeito, senão também como causa
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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