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Ocultismo

17. Rosea Cruz

A rosa simboliza o mundo. A cruz, a dupla essência de Deus.
[ilustração: Emblema da Ordem Cabalística de Rosacruz.
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«O mundo externo é uma das manifestações finitas da Causa Infinita.»
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Uma causa Infinita necessariamente produzirá um efeito infinito. Como o efeito, porém, se opõe à causa, será infinito de outra maneira.

O nosso universo, porém, é-nos dado como finito e temporal, pois, se o víssemos infinito e eterno, não o poderíamos ver. O mundo externo, pois, como nós o temos e nele vivemos, não pode ser efeito de uma Causa Infinita, mas, tão somente, de uma das manifestações ou criações finitas da Causa Infinita. Temos, pois, que a Causa Infinita é criadora da Realidade, que é infinita, e que uma Causa Finita é criadora do Universo. O Criador do Mundo não é o Criador da Realidade: em outras palavras, não é o Deus inefável, mas um Deus-homem ou Homem-Deus, análogo a nós mas a nós superior.

Gradação infinita dos seres...

O universo não pode ser infinito, porque infinito é só a infinidade. O universo não pode ser eterno, porque eterna é só a eternidade.

Não pode haver espaço infinito e tempo infinito pois não pode haver dois infinitos. Espaço e tempo são dois atributos ou manifestações do infinito, que o simulasse sem o ser. Parecem-nos infinitos, parece-nos que são infinitos — são porém somente indefinidos. (As duas Colunas do Átrio.) No tempo e no espaço decorre a Matéria só no tempo a Alma; no infinito puro, Deus.

Este Infinito é, porém, só Deus manifesto — não manifesto como mundos senão como Deus. Para além, Supremo deveras, está o Deus Imanifesto — a ausência até do Infinito. E isto representa-se: o Deus Manifesto por um Círculo; o Deus Imanifesto por um ponto no centro do Círculo e isto é, em astrologia escrita, o símbolo do sol, que é a sombra de Deus.

                *

A dupla essência, masculina e feminina, de Deus — a Cruz. O mundo gerado, a Rosa, crucificada em Deus.

A criação não é uma emanação, mas mais propriamente, uma limitação, uma negação de Deus por si mesmo.

Mais certo será dizer que o universo é a negação de Deus, ou a morte de Deus Como porém a negação ou morte de Deus é necessariamente divina, o universo contém um elemento divino que [é?] a Lei — elemento ausente, por assim dizer, em abstracto.

O único milagre que Deus fez é o universo.

À Lei, Fatum, elemento abstracto de Deus e pelo qual Deus está desencarnadamente manifesto do mundo, se opõe o Cristo que é o desejo do Regresso a Deus, o desejo de Liberdade, de não haver Fatum.

s.d.

A Procura da Verdade Oculta - Textos filosóficos e esotéricos . Fernando Pessoa. (Prefácio, organização e notas de António Quadros.) Mem Martins: Publ. Europa-América, 1989 (2ª ed.).

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