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Ocultismo

15. Gnose

O caminho gnóstico não está mais livre de erros do que os caminhos místico ou mágico.
[ilustração: Plano cabalístico. in «The rosicrucians, their rites and mysteries». Hargrave Jennings.
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«A Gnose busca transcender o intelecto por um intelecto superior.»
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Iniciação.

Há muitas Cabalas, e é difícil acreditar que não possamos atingir a união com Deus, seja o que for que se entenda por isso, a não ser que estejamos familiarizados com o alfabeto hebraico.

Há Erros do Caminho, Erros da Estalagem e Erros da Caverna. São Erros do Caminho aqueles em que o próprio caminho é tomado pela sua finalidade. Erros da Estalagem são aqueles em que metade do caminho é tomado pelo todo. São Erros da Caverna aqueles em que a caverna, que é a base do Castelo, é tomada pelo próprio Castelo. (é tomada pela entrada do Castelo).

Estes erros são comuns a todos os caminhos e o da Gnose não está mais isento deles do que os caminhos místicos e mágicos.

Posso passar sem o ascetismo, mas não sem a verdade, nem creio que Deus se me não manifeste a não ser que eu fique sentado, imóvel, durante cinco horas, ou que seja capaz de respirar naturalmente por qualquer das narinas à escolha.

O facto, porém, é que, qualquer que seja o caminho que tomemos, não o devemos fazer antes de termos percorrido os graus preparatórios, os graus de neófito. O Misticismo procura transcender o intelecto (pela intuição), a Magia aspira a transcender o intelecto pelo poder; a Gnose, a transcender o intelecto por um intelecto superior. Mas para transcender uma coisa devidamente, é preciso primeiro passar por essa coisa. A vantagem do caminho gnóstico é que há menos tentação de alcançar o intelecto superior sem passar pelo inferior — uma vez que ambos são intelecto e há uma diferença de quantidade entre um e outro — do que nas vias mística e mágica, onde há uma diferença de qualidade, não de quantidade, entre emoção e intelecto, entre a vontade e o intelecto.

s.d.

Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética - Fragmentos do espólio. Fernando Pessoa. (Introdução e organização de Yvette K. Centeno.) Lisboa: Presença, 1985.

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Trad.: Maria Helena Rodrigues de Carvalho