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Vida e Obra

29. Intimidade

Em 1929, retoma o namoro com Ophélia, por breve tempo, pois opta por dedicar-se à sua obra literária.
[ilustração: Fernando Pessoa no Rossio.
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Ophelinha pequena:

Não sei se gosta de mim, mas venho escrever-lhe esta carta por isso mesmo.

Como me disse que amanhã evitava ver-me até às 5 1/4 para as 5 1/2 na paragem do eléctrico que não é de ali, ali estarei exactamente.

Como, porém, se dá a circunstância de o sr. eng. Álvaro de Campos ter que me acompanhar amanhã durante grande parte do dia, não sei se será possível evitar a presença — aliás agradável — desse senhor durante a viagem para umas janelas quaisquer de uma cor que me esquece.

O velho amigo meu, em quem acabo de falar, tem, aliás, qualquer coisa que lhe dizer. Recusa-se a fazer-me qualquer explicação do que se trata, mas espero e confio que, na sua presença, terá ocasião de me dizer, ou lhe dizer, ou nos dizer, de que se trata.

Até então estou silencioso, atento e até expectativo.

E até amanhã, boquinha doce,

Fernando

26/9/1929

26-9-1929

Cartas de Amor. Fernando Pessoa. (Organização, posfácio e notas de David Mourão Ferreira. Preâmbulo e estabelecimento do texto de Maria da Graça Queiroz.) Lisboa: Ática, 1978 (3ª ed. 1994).

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