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Ricardo Reis

21. Angústia

O destino, caprichoso e inesperado, assusta-nos.
[ilustração: De Chirico (1988-1978). «A recompensa do adivinho». 1913. Philadelphia Art Museum.
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«Tudo quanto me ameace de mudar-me, para melhor que seja, odeio e fujo.»

Sofro, Lídia, do medo do destino.

A leve pedra que um momento ergue

As lisas rodas do meu carro, aterra

        Meu coração.

Tudo quanto me ameace de mudar-me

Para melhor que seja, odeio e fujo.

Deixem-me os deuses minha vida sempre

        Sem renovar

Meus dias, mas que um passe e outro passe

Ficando eu sempre quase o mesmo, indo

Para a velhice como um dia entra

        No anoitecer.

11-8-1918

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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